Parte 1: Ela
Levantou-se da cama e foi ao banheiro
Qual foi seu susto ao ler no espelho
Um eu te amo todo borrado
E viu o batom, que padecia logo ao lado.
Reconheceu no ato aquela cor de cobre
E por mais que a atitude tenha sido nobre
Seu batom preferido fora destruído
O que era aquilo? Desculpas desesperadas de um marido.
O coitado do esposo, em plena confiança de ser perdoado
Achava que com a inscrição, ganharia absolvição
Ele queria voltar pra cama e ela já nem sabia
Há quantos dias, no sofá ele dormia.
E ela pensava: mas que ilusão o coitado tivera!
A mulher, no lugar do coração tinha uma pedra
Trocaria muitos eu te amo como aquele, "patético"
Só pra ter de volta seu estimado cosmético.
Parte 2: Ele
Porém o sujeito era do tipo astuto, matreiro
Nas noites de insônia no sofá, montara um plano certeiro
Já tinha tudo planejado em seu "quengo"
Sabia direitinho o que fazia a mulher pedir arrego.
Estragar o batom e escrever eu te amo
Era a primeira parte de seu ardiloso plano
A segunda seria uma grande surpresa
Com direito a batom novo, jantar e velas na mesa.
Logo que saiu do trabalho passou na loja escolhida
O pequeno embrulho enrolado em laços e fitas
Vinha acompanhado de um grande ramalhete
Entre o cheiro das rosas, havia um pequeno bilhete.
A mulher quando abriu a porta quase caiu de admiração
Como ele havia feito tudo aquilo com tamanha discrição?
E sem lhe contar nada, agora ela sentia culpa
Por toda a dor que o sofá lhe causara na coluna.
Parte 3: Os dois
Pronto, tudo resolvido! Batom novo, colorido!
Abraço, beijo, desculpas, e carinho. Volta pra cama, volta pro ninho!
Fizeram um trato, então. Nunca mais eu te amo escrito com batom
De hoje em diante só seria admitido, Eu te amo, dito baixinho, ao pé do ouvido.
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