quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Casa Preguiça

Tudo naquela casa era preguiçoso. Tudo ali parecia estar num mundo de plena calmaria e sossego. Tudo parecia bocejar, e eu desconfio que alguns móveis ainda tiravam sua soneca diurna quando cheguei.
Logo na entrada fui recebido por um portão muito tranqüilo, que antes de ser aberto me pediu pra que eu esperasse sua espreguiçada. Entrei. O caminho que me levava até a varanda era a parte mais agitada. As pedras que ficavam ao seu lado, cochichavam e me olhavam com a curiosidade peculiar das pedras. Era um caminho curto, no máximo cinco metros. O jardim era pequeno, formado por algumas árvores centenárias que contavam a história de sua vida para as plantinhas novas, que cresciam protegidas por suas sombras. Cheguei até a varanda, onde uma cadeira de balanço se balançava e ria baixinho, como uma criança quando descobre algo divertido e que ela pode fazer sozinha. Sempre pensei que cadeiras de balanço eram avós, mas aquela não. Na casa não vivia ninguém. A cava vivia ali.
Me sentei no chão. O banquinho de madeira não merecia ser acordado só para a minha acomodação. Fiquei a observar a fachada da casa, o que causava a sensação de ainda mais sonolência. Num canto havia uma rede estendida. Como uma astuta trapezista, se equilibrava em dois pontos fixos na parede. Ao seu lado, uma samambaia roncava baixinho.
Quem ainda conseguia se manter acordado, estava me olhando com admiração. Quem sabe eu fosse o primeiro a entrar ali e até agora não havia me apresentado, muito menos trocado uma palavra com alguém. Meus olhares eram suficientes e esclarecedores.
A porta da frente abria e fechava seu olho mágico, na esperança de se manter atenta, porém, seu estado “preguiçônico” era demais.
A cadeira de balanço bocejou, e como numa “viralização” todos bocejaram. Eu também.
O sol estava baixo e deixava no céu uma cor que não sei qual era. O silêncio era tudo que se ouvia. Ali, sentado no chão, encostado na parede da casa mais preguiçosa que conheci, dei uma última olhada aos companheiros do meu lado, lhes desejei boa noite e dormi.

2 comentários:

  1. esse texto tá legalzão! e tente acreditar nisso. você tinha receio de postar no araruta? você pensa que eu convido gente que escreve mal pra postar lá? aaah, que doidão! opa!é que eu sou uma super crítica literária! (ironia - on)

    apaguei o outro comentário porque esse aqui tem mais energias positivas.

    medite você também. asdokaspodkpsaok

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