terça-feira, 29 de março de 2011

Quase

Um quase, um hipnotizador quase
o quase grito na sua janela
o quase abraço, o quase beijo na chuva.

Quase que morro com quase
"quasidade, ou salva ou fode"
como você mesmo dizia na casualidade.

um quase sonho, uma quase vida
um quase completo
você foi meu completo quase
um quase amor.

Quase sinto saudades.

segunda-feira, 14 de março de 2011

E lá vou eu de novo

E lá vou eu, outra vez de novo
Me questionar sobre o que não tem solução
Sobre ser poeta, velho ou novo
Sobre escrever com o coração.

De como aproveitar a hora da cesta
E escolher um lugar calmo
Pra outra vez pegar a caneta
E escrever mais um poema besta

É daqueles que podem até ser lidos
Mas não serão compreendidos
Não surtindo efeito, então
E me pergunto bem baixinho
Do poeta, qual é a contribuição?

Já não vejo aí resposta
Eis ai minha rotina
Outra pergunta me consome
Quantas palavras eu uso
Na minha poesia cretina?



Cento e nove nesta daqui.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Em ba (lha) ra do

Engraçado como eu não sei desgostar de nada em você.
Como eu observo e me petrifico diante de cada novo detalhe que descubro.
Diante de cada novo detalhe que eu descubro que gosto,
Que gosto ao ponto de não ter percebido antes,
e de agora ficar horas olhando paralisado para o novo detalhe
Que acabei de gostar.

Gosto de como você me faz embaralhar as palavras,
como se fosse num jogo e com dificuldade distribuo-as aos jogadores.
Faz me embaralhar, com ou sem palavras , embaralhados, sou um dois de paus.

Gosto dos desenhos das suas camisetas, blusas, e afins
De como lhe cai bem a simplicidade, e ao mesmo tempo o suntuoso
Gosto da presilha no cabelo, deitada na lisura de suas madeixas que
só de olhar imagina-se o tato e o cheiro.

Me perco no sorriso dado de lado, jogado num canto da boca
deixado de escanteio, acidentalmente colocado ali pra me deixar de boca aberta
Sua facilidade em me suspreeender me surpreende.
A cada piscada nova, inspiração me surge.
Seus olhos curiosos, grandes, pidões, úmidos, numa cor que ainda nem defini
são um convite formal pra minha mais eloquente necessidade

O braço, branco e com uma maciez que me excita
me faz querer apertar-te até você sair por entre meus dedos
e voltar pra mim de novo.

Fico assim, embaralhado.

terça-feira, 8 de março de 2011

Pedra Sabão

Suas mãos eram ágeis, intensas e ásperas
Com experiência de mil anos e ferramentas rústicas de persuasão
Fez de mim o que queria
Me moldou, fez-me sua obra prima
Ápice da criação
Derreteu-me.
Me levou a forma novamente
Me deu nova cara.
Brutamente me lapidou, fez de mim
O que queria e o que não.
Enfeito seu ego como uma estátua
Esculpida em pedra sabão.

Trúbia

De toda poesia é possível fazer um texto
Uns não, dez, cem ou mil
Várias idéias, complementos, distorções, contradições
Análises, adequações, enfim!
A poesia é ligeiramente e propositalmente
Dúbia, dual, ou até mesmo “trúbia”
Ela permite que você a compreenda da maneira
Que ela não gostaria de ser vista
Poesia é uma porta aberta pra um gramado
E lá no meio uma placa de não pise na grama.