E lá vou eu, outra vez de novo
Me questionar sobre o que não tem solução
Sobre ser poeta, velho ou novo
Sobre escrever com o coração.
De como aproveitar a hora da cesta
E escolher um lugar calmo
Pra outra vez pegar a caneta
E escrever mais um poema besta
É daqueles que podem até ser lidos
Mas não serão compreendidos
Não surtindo efeito, então
E me pergunto bem baixinho
Do poeta, qual é a contribuição?
Já não vejo aí resposta
Eis ai minha rotina
Outra pergunta me consome
Quantas palavras eu uso
Na minha poesia cretina?
Cento e nove nesta daqui.
domingo, 31 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Abelão
E descendo a ladeira, saltitando os degraus
Vem o requisitado Abelão.
Negro do cabelo duro, samba de partido alto
Panamá e violão
Abel é no aumentativo em estatura e reputação
Conhecido em todo o morro, carismático de plantão
Abel ajuda o povo e descola seu ganha pão
Tudo assim, junto e reunido
Mata dois coelhos, então.
Sua vó desde menino lhe ensinou ter bom coração
E seu pai, seu criador, já lhe dizia:
- “Não fique sem trabalhar não!”
E Abel é personagem principal da história em questão.
Um dia, numa viela apertada de sua favela natal
Abel foi alvo errado da polícia, foi confundido com bandido
Ou policial da milícia.
Algemado, humilhado foi pra dentro da viatura
E a polícia saiu vaiada
Da população levando dura.
Abel, inocente até o último fio do seu duro cabelo
Se defendia dizendo: “Negócio alheio, não meto o bedelho.”
Mas o detetive, ruim de sangue e de humor
Torturava, queimava-o com cigarro – “Se não falar, vai sentir mais dor!”
E Abel sem ter um “a” para dizer, entregou até o que não tinha
Pra só assim, parar de sofrer.
A espera do julgamento, transferido para a cadeia
Abel chorava toda noite, esperando Cidinéia.
Sua negra cheirosa e carinhosa
Que mais do que comida e cigarro
Vinha lhe pôr a par das prosas.
Ela aparecia todo domingo, bem cedinho
E lhe contou que a ajuda não tarda
- “A turma toda já vem vindo, confia e aguarda!”
E naquela terça feira em questão, o morro todo se mobilizou
-“Vamô lá, salvar o estimado Abelão!”
E descendo em retumbada, barulhenta multidão
Com uma só estocada derrubaram o portão
Invadiram a cadeia e dominaram pífio batalhão
E sob o sol forte do Catete, abriram a cela do negro Abelão!
Abel não se continha de tamanha alegria
Sua turma, seus vizinhos, até Dona Flor de 90 anos também vinha
Com a frigideira em punho, lá num canto batia num guarda
E a turma reunida, descendo e subindo as escadas.
Com as forças de mil braços, Abelão já carregava.
E foi assim, com uma surpresa de um cavalo de Tróia
Que o morro todo, pôs fim a essa história
Libertado e inocente, Abel sorria, apesar de faltar-lhe um dente
Resultado da tortura daquela noite de amargura, esquecida na festa de agora
E pedindo um tempo ao samba, com seu ego nas alturas
Abel quis fazer um discurso, e agradecer tamanha ternura.
- “Pessoal que eu amo tanto, aqui nasci cresci e me formei
Aqui sempre fui tratado e estimado como um rei
Agradeço tamanha credibilidade, por terem atravessado a cidade
Pra me livrar do que não fiz!”
Na roda de samba, entre cervejas e cuícas
O povo sorria e era feliz.
Abelão com o copo em punho propunha um brinde a todos.
- “Raízes plantadas nunca são deixadas pra trás
Agradeço a amizade e aqui lhes digo mais
Povo igual esse não há entre os mortais
E que dessa turma e desse morro
Eu não me afaste jamais!”
Viva Abel! Em coro uníssono! Ganhara até uma nota no jornal.
não revisei, tô com preguiça.
Vem o requisitado Abelão.
Negro do cabelo duro, samba de partido alto
Panamá e violão
Abel é no aumentativo em estatura e reputação
Conhecido em todo o morro, carismático de plantão
Abel ajuda o povo e descola seu ganha pão
Tudo assim, junto e reunido
Mata dois coelhos, então.
Sua vó desde menino lhe ensinou ter bom coração
E seu pai, seu criador, já lhe dizia:
- “Não fique sem trabalhar não!”
E Abel é personagem principal da história em questão.
Um dia, numa viela apertada de sua favela natal
Abel foi alvo errado da polícia, foi confundido com bandido
Ou policial da milícia.
Algemado, humilhado foi pra dentro da viatura
E a polícia saiu vaiada
Da população levando dura.
Abel, inocente até o último fio do seu duro cabelo
Se defendia dizendo: “Negócio alheio, não meto o bedelho.”
Mas o detetive, ruim de sangue e de humor
Torturava, queimava-o com cigarro – “Se não falar, vai sentir mais dor!”
E Abel sem ter um “a” para dizer, entregou até o que não tinha
Pra só assim, parar de sofrer.
A espera do julgamento, transferido para a cadeia
Abel chorava toda noite, esperando Cidinéia.
Sua negra cheirosa e carinhosa
Que mais do que comida e cigarro
Vinha lhe pôr a par das prosas.
Ela aparecia todo domingo, bem cedinho
E lhe contou que a ajuda não tarda
- “A turma toda já vem vindo, confia e aguarda!”
E naquela terça feira em questão, o morro todo se mobilizou
-“Vamô lá, salvar o estimado Abelão!”
E descendo em retumbada, barulhenta multidão
Com uma só estocada derrubaram o portão
Invadiram a cadeia e dominaram pífio batalhão
E sob o sol forte do Catete, abriram a cela do negro Abelão!
Abel não se continha de tamanha alegria
Sua turma, seus vizinhos, até Dona Flor de 90 anos também vinha
Com a frigideira em punho, lá num canto batia num guarda
E a turma reunida, descendo e subindo as escadas.
Com as forças de mil braços, Abelão já carregava.
E foi assim, com uma surpresa de um cavalo de Tróia
Que o morro todo, pôs fim a essa história
Libertado e inocente, Abel sorria, apesar de faltar-lhe um dente
Resultado da tortura daquela noite de amargura, esquecida na festa de agora
E pedindo um tempo ao samba, com seu ego nas alturas
Abel quis fazer um discurso, e agradecer tamanha ternura.
- “Pessoal que eu amo tanto, aqui nasci cresci e me formei
Aqui sempre fui tratado e estimado como um rei
Agradeço tamanha credibilidade, por terem atravessado a cidade
Pra me livrar do que não fiz!”
Na roda de samba, entre cervejas e cuícas
O povo sorria e era feliz.
Abelão com o copo em punho propunha um brinde a todos.
- “Raízes plantadas nunca são deixadas pra trás
Agradeço a amizade e aqui lhes digo mais
Povo igual esse não há entre os mortais
E que dessa turma e desse morro
Eu não me afaste jamais!”
Viva Abel! Em coro uníssono! Ganhara até uma nota no jornal.
não revisei, tô com preguiça.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Palavra: Meretriz
Uma Palavra faz ponto na esquina
Próximo a botica
Dentro do meu carro papel, analiso.
Para ao lado e abaixo o vidro.
A Palavra me sorri
E sedutoramente se dirige até mim
Debruçada na porta, batom vermelho na primeira silaba
Ela me sussurra seu nome, um ditongo tentador.
Palavra meretriz que faz favores aos leigos
Se entregam a partir do lusco-fusco
Aos que as procuram
Na clandestinidade lingüística
Dos becos desconhecidos de uma cidade dicionário.
Palavras sem dono, lascivas, libertinas
Que nos fazem enriquecer
Discurso, vocabulário e lábia
E saciam desejos do conhecimento, e da vontade
De tê-las por inteiro e tê-las todas.
Próximo a botica
Dentro do meu carro papel, analiso.
Para ao lado e abaixo o vidro.
A Palavra me sorri
E sedutoramente se dirige até mim
Debruçada na porta, batom vermelho na primeira silaba
Ela me sussurra seu nome, um ditongo tentador.
Palavra meretriz que faz favores aos leigos
Se entregam a partir do lusco-fusco
Aos que as procuram
Na clandestinidade lingüística
Dos becos desconhecidos de uma cidade dicionário.
Palavras sem dono, lascivas, libertinas
Que nos fazem enriquecer
Discurso, vocabulário e lábia
E saciam desejos do conhecimento, e da vontade
De tê-las por inteiro e tê-las todas.
sábado, 16 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Quero
Quero beijar teus ombros
teu colo, teus seios
deixar a língua decidir por qual caminho vai
mapear seu corpo
a procura de arrepios
a procura de lugares que nem mesmo
você sabe que tem.
quero beijar tua pele alva, linda, lisa
como um dia de sol depois da tanta chuva,
sentir seu cheiro se espalhando
pelo meu travesseiro, pelo meu nariz
pelo meu mundo todo.
linda.
teu colo, teus seios
deixar a língua decidir por qual caminho vai
mapear seu corpo
a procura de arrepios
a procura de lugares que nem mesmo
você sabe que tem.
quero beijar tua pele alva, linda, lisa
como um dia de sol depois da tanta chuva,
sentir seu cheiro se espalhando
pelo meu travesseiro, pelo meu nariz
pelo meu mundo todo.
linda.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Mal se foram, se mal foram, semáforam, semáforo.
Vermelho. Buzinas. Asfalto molhado. Garoa. Cidade Cinza. A fila se formava como formigas trabalhando num grande carregamento.
Logo que se aproximou, as luzes verdes foram se extinguindo, dando lugar ao alaranjado e logo após o vermelho pare. Ela estava cansada, seu dia tinha sido longo. Vestia um terninho risca de giz, que a deixava muito elegante ao mesmo tempo descontraída. Já não tinha trinta por cento da maquiagem do começo do dia. Só retocara o batom. Parada, abriu o vidro pra sentir o cheiro da sua rotina. Checou o celular e o retrovisor.
Vermelho. Buzinas. Asfalto molhado. Garoa. Cidade Cinza. Aconteceu o mesmo com ele. Logo que se aproximou proferiu um palavrão pela mudança repentina da cor. Ele estava agitado, tinha conseguido fechar um bom negócio no seu negócio. Vestia a calça de uma cor só a camisa de sempre e a gravata, que apesar de não gostar era mera formalidade. Já não tinha trinta por cento da coragem do começo do dia. Só retocara a lábia de vendedor. Parado, abriu o vidro pra não sentir o cheiro da solidão do carro. Checou o celular e o carro ao lado.
Magnetismo. Alguns chamam assim. O que aconteceu pode até ser explicado por esse fenômeno. Eu acredito mais em coincidência. Os olhares se encontraram no pedaço de asfalto que separavam os automóveis. Ela na esquerda, ele na direita da rua.
Que situação tensa. Os olhos se cumprimentaram como se conhecessem há muito tempo, velhos amigos de infância. O destino era o filme que passava em suas pupilas.
Ela o viu brincando com o cachorro no quintal da nova casa, consertando a lâmpada do banheiro, surpreendendo-a com rosas colombianas num dia inesperado. Censurando seu vestido, alugando um filme pro sábado chuvoso, a contrariando quando fosse jogar seu futebol, preparando uma salada de frutas. Viu-o ser namorado, marido, pai e avô. Ser chato, carinhoso, mesquinho, arisco, meigo, sensível, alegre e triste. Viu sua vida toda.
Ele a viu fazendo trancinhas na pequena Sofia, estragando a lâmpada do banheiro, o surpreendendo com o eu te amo sussurrado, Indicando-lhe qual gravata ficava legal, comprando litros de sorvete para o sábado chuvoso, a contrariando quando lhe dava opinião na roupa, preparando um churrasco. Viu-a ser namorada, esposa, mãe e avó. Ser meiga, ranzinza, teimosa, carinhosa, astuta, confusa, breve, alegre e triste. Viu sua vida toda.
De repente uma buzina. A olhada se quebra. Sinal Verde.
Ela vira para a esquerda, ele para a direita. Nunca mais se cruzam.
Um sinal? De que cor?
Logo que se aproximou, as luzes verdes foram se extinguindo, dando lugar ao alaranjado e logo após o vermelho pare. Ela estava cansada, seu dia tinha sido longo. Vestia um terninho risca de giz, que a deixava muito elegante ao mesmo tempo descontraída. Já não tinha trinta por cento da maquiagem do começo do dia. Só retocara o batom. Parada, abriu o vidro pra sentir o cheiro da sua rotina. Checou o celular e o retrovisor.
Vermelho. Buzinas. Asfalto molhado. Garoa. Cidade Cinza. Aconteceu o mesmo com ele. Logo que se aproximou proferiu um palavrão pela mudança repentina da cor. Ele estava agitado, tinha conseguido fechar um bom negócio no seu negócio. Vestia a calça de uma cor só a camisa de sempre e a gravata, que apesar de não gostar era mera formalidade. Já não tinha trinta por cento da coragem do começo do dia. Só retocara a lábia de vendedor. Parado, abriu o vidro pra não sentir o cheiro da solidão do carro. Checou o celular e o carro ao lado.
Magnetismo. Alguns chamam assim. O que aconteceu pode até ser explicado por esse fenômeno. Eu acredito mais em coincidência. Os olhares se encontraram no pedaço de asfalto que separavam os automóveis. Ela na esquerda, ele na direita da rua.
Que situação tensa. Os olhos se cumprimentaram como se conhecessem há muito tempo, velhos amigos de infância. O destino era o filme que passava em suas pupilas.
Ela o viu brincando com o cachorro no quintal da nova casa, consertando a lâmpada do banheiro, surpreendendo-a com rosas colombianas num dia inesperado. Censurando seu vestido, alugando um filme pro sábado chuvoso, a contrariando quando fosse jogar seu futebol, preparando uma salada de frutas. Viu-o ser namorado, marido, pai e avô. Ser chato, carinhoso, mesquinho, arisco, meigo, sensível, alegre e triste. Viu sua vida toda.
Ele a viu fazendo trancinhas na pequena Sofia, estragando a lâmpada do banheiro, o surpreendendo com o eu te amo sussurrado, Indicando-lhe qual gravata ficava legal, comprando litros de sorvete para o sábado chuvoso, a contrariando quando lhe dava opinião na roupa, preparando um churrasco. Viu-a ser namorada, esposa, mãe e avó. Ser meiga, ranzinza, teimosa, carinhosa, astuta, confusa, breve, alegre e triste. Viu sua vida toda.
De repente uma buzina. A olhada se quebra. Sinal Verde.
Ela vira para a esquerda, ele para a direita. Nunca mais se cruzam.
Um sinal? De que cor?
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