sábado, 27 de novembro de 2010

mais um daqueles

O amor inicialmente é estatal,
Você detém 51% das ações,
                                   [lê-se: amor próprio, natural.
Os outros 49%,
Vagam por bolsas e pregões.

Alguns, entregam o capital facilmente,
Outros, trocam por benefícios,
Diz a psicologia,
Que para uns, isso vira vício.

Com o tempo, há quem perca a maioria.
Fica só com uma dose diária de 20 %
                                                     [o valor varia.
Daí, transforma o outro em centro,
Então, o Dow
                      Jones
                                 despenca;
Você toma um porre e se recupera,
Para começar tudo outra vez.

É normal.
Durante a vida,
Cada um tem sua crise de 1929,
E a economia aquecida.

Vem, vai e passa.
Como tudo o mais.
A diferença, é que é de graça.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Afim e seus afins.

E se o afim se escreve tudo junto
Por que mesmo estando afim
Não estamos juntos assim?
Como a palavra, de mãos dadas
Quatro letras grudadas
Quatro letrinhas assim
Duas sílabas apaixonadas
Que se estão separadas
Já não estão mais tão afim

Alfim, eu só lhe digo
Que seja afim até o fim.

domingo, 21 de novembro de 2010

Pedaços

Não vão sobrar pedaços
De mim
De você
Do que aconteceu.

Afinal
Pedaços
Já somos.

Separados
Pedaços
Nascidos inteiros
Mas que buscam
em pedaços
Sabe-se lá do que
Pra assim
Se dizer completos

Em vão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Palavras soltas

Escrevo palavras soltas
Sem sentido
Gosto de colocá-las
Sem acento, vírgula
Qualquer coisa da língua portuguesa, trivialidades!
Deixo-as soltas
Para interagirem

Me cobram pontuação!
Que isso? Pontuar é prender
É aprisionar uma multidão
De letras, palavras, sinônimos, e antônimos
Todos irmãos
Filhos da mesma mãe.

Não sou contra ponto, vírgula, e exclamação
Só acho muita tirania
Separar arco íris
Com um traço sem noção.
E sem cor.

Palavras soltas
É isso que peço
Quero que se danem as pontuações
Quero que vão ao inferno
Todas as vírgulas, pontos e sua junções
Quero que explodam os pontos de interrogação
Pra que tanta admiração
Pra que tanta pergunta
Uma palavra junta é muito mais inspiração

Que o leitor seja esperto
Saiba diferenciar o que lê
Aposto que assim
Presta mais atenção
E melhora sua compreensão.

Prateados

Eles andam devagar, olhando para o chão
Atendendo a um pedido das pernas
O branco dos cabelos não revela a idade
De mãos dadas, num passo único e lento
O casal de velhinhos desperta a minha inveja.

Como é passar 50 anos acordando
Com o mesmo olhar te olhando?
O mesmo sorriso depois de alguma bobeira?
De onde vem a vontade de ainda dar as mãos?

São anos de cumplicidade
Anos de não ser você, esse egoísta que nasceu
Achando que o mundo era seu
São anos de viver com o coração na mão alheia
E de preocupação quando o outro não chega logo.
Anos de confiança, de filhos
De almoços aos domingos, de netos no colo.

E depois de tudo isso ainda andar de mão dada.

Que seja assim comigo.
Intenso.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Falaefaz

Pega e me desvirtua
Me transforme naquilo que tua mente melhor pensa e melhor tua mão molda
Faça-me teu esboço e tua obra prima
Assina.
Pro teu ego permanecer altivo como conheci
Pega e me modifica, me “umbilifica” contigo
Me faça achar que sou outro, só com a sua lábia
Me põe numa cadeira amarrado com a corda da necessidade de voltar até você
Pega e arranca logo minh’alma
Revira meu carma e diz que vai tomar conta
São as rédeas da vida que estão frouxas
São os trilhos que enferrujaram
Foram os anos que sem querer e aos poucos me levaram.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Rastros

Eu pensei em várias maneiras de iniciar este texto, nenhuma ficou legal, então vou direto ao ponto. O leitor que perdoe essa falta de “rodeios”, mas é que o legal da história tá no meio, é tipo bolacha recheada. Quem nunca abriu uma só pra comer o recheio!? Viu? Já fugi do assunto.
Pois bem, hoje eu ganhei alguns discos de vinil. Nada de raridades, nem de discos importantes ou que eu sempre sonhei apenas alguns discos, aos quais já me apeguei e já não vendo. O legal disso foram as conseqüências de ter ganhado.
Como todos sabem as capas dos discos sempre foram mais bonitas que as do seu irmão moderno, o CD. Uma por ser bem maior, e outra porque são artes mais coloridas, com mais desenhos. Bem, isso é uma opinião minha. O fato de ser maior possibilitava que as pessoas escrevessem algo na capa, quando, por exemplo, fossem dar um vinil de presente. (o que eu acho muito legal). Dentre os discos que ganhei, em cinco deles havia recados de um rapaz para uma moça, sempre assinando com o apelido Val, o rapaz, e Jana, a moça. E isso lá nos anos de 1978, quando o vinil alcançava seu auge comercial.
Conforme fui lendo aquelas declarações, comecei a imaginar a cena. Os dois juntos. Ele entregando o presente para ela. Ela abrindo um sorriso. Ela de vestido de bolinha e ele de calça pantalona. Ela colocaria pra tocar seu novo vinil numa vitrola de mesa, que o pai havia comprado de segunda mão, de um tio da capital.
Claro que a imaginação foi longe. Pensei muito sobre o que teria acontecido com eles. Mas não vou contar tudo, porque ficaria muito extenso.
Num desses discos, encontrei o nome completo da mulher. Como a internet é uma mãe dos curiosos, resolvi procurar a pessoa. Descobri o Orkut dela, vi que está casada e tem filhos. Mas nada de detalhes. Outra vez me peguei imaginando se é casada com o rapaz que lhe deu os discos, ou não. Não sei. Só olhei meio por cima, nada de detalhes. Foi suficiente pra matar metade da minha curiosidade. E outra, se eu descobrisse tudo, não teria como continuar imaginando destinos pra eles, o que estou fazendo agora.
Eu imagino porque ela ou ele, ou os dois, se desfizeram dos discos? Será que cansaram dessa quinquilharia? Será que não é algo que pode ser considerado um ponto importante no relacionamento deles? Uma lembrança boa? Será que eles estão separados? Será que se casaram? Não sei. Mas é legal o fato de poder pensar e imaginar coisas a respeito disso.
Vejo as declarações nos discos como cicatrizes em alguém. Quando você vê, sempre imagina o que aconteceu pra que aquela marca esteja ali.
E hoje, depois dessa situação, e de pensar sobre esse casal, percebi que em algumas coisas e momentos é melhor deixar a imaginação trabalhar e voar por caminhos diferentes, do que perder toda a graça sabendo de uma verdade que nunca é a que a imaginação nos reservou.



Eu também fico pensando se esse post pode chegar ao conhecimento dos dois, o que seria muito legal!