segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Rastros

Eu pensei em várias maneiras de iniciar este texto, nenhuma ficou legal, então vou direto ao ponto. O leitor que perdoe essa falta de “rodeios”, mas é que o legal da história tá no meio, é tipo bolacha recheada. Quem nunca abriu uma só pra comer o recheio!? Viu? Já fugi do assunto.
Pois bem, hoje eu ganhei alguns discos de vinil. Nada de raridades, nem de discos importantes ou que eu sempre sonhei apenas alguns discos, aos quais já me apeguei e já não vendo. O legal disso foram as conseqüências de ter ganhado.
Como todos sabem as capas dos discos sempre foram mais bonitas que as do seu irmão moderno, o CD. Uma por ser bem maior, e outra porque são artes mais coloridas, com mais desenhos. Bem, isso é uma opinião minha. O fato de ser maior possibilitava que as pessoas escrevessem algo na capa, quando, por exemplo, fossem dar um vinil de presente. (o que eu acho muito legal). Dentre os discos que ganhei, em cinco deles havia recados de um rapaz para uma moça, sempre assinando com o apelido Val, o rapaz, e Jana, a moça. E isso lá nos anos de 1978, quando o vinil alcançava seu auge comercial.
Conforme fui lendo aquelas declarações, comecei a imaginar a cena. Os dois juntos. Ele entregando o presente para ela. Ela abrindo um sorriso. Ela de vestido de bolinha e ele de calça pantalona. Ela colocaria pra tocar seu novo vinil numa vitrola de mesa, que o pai havia comprado de segunda mão, de um tio da capital.
Claro que a imaginação foi longe. Pensei muito sobre o que teria acontecido com eles. Mas não vou contar tudo, porque ficaria muito extenso.
Num desses discos, encontrei o nome completo da mulher. Como a internet é uma mãe dos curiosos, resolvi procurar a pessoa. Descobri o Orkut dela, vi que está casada e tem filhos. Mas nada de detalhes. Outra vez me peguei imaginando se é casada com o rapaz que lhe deu os discos, ou não. Não sei. Só olhei meio por cima, nada de detalhes. Foi suficiente pra matar metade da minha curiosidade. E outra, se eu descobrisse tudo, não teria como continuar imaginando destinos pra eles, o que estou fazendo agora.
Eu imagino porque ela ou ele, ou os dois, se desfizeram dos discos? Será que cansaram dessa quinquilharia? Será que não é algo que pode ser considerado um ponto importante no relacionamento deles? Uma lembrança boa? Será que eles estão separados? Será que se casaram? Não sei. Mas é legal o fato de poder pensar e imaginar coisas a respeito disso.
Vejo as declarações nos discos como cicatrizes em alguém. Quando você vê, sempre imagina o que aconteceu pra que aquela marca esteja ali.
E hoje, depois dessa situação, e de pensar sobre esse casal, percebi que em algumas coisas e momentos é melhor deixar a imaginação trabalhar e voar por caminhos diferentes, do que perder toda a graça sabendo de uma verdade que nunca é a que a imaginação nos reservou.



Eu também fico pensando se esse post pode chegar ao conhecimento dos dois, o que seria muito legal!

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