terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Peruanita

Era tão pequena que eu sentia seus ossinhos quando a apertava contra o meu peito, e quase se estalarem num abraço mais forte. Era magra a ponto de ser possível ver suas veias azuis serpentearem pelo seu corpo. E a cada pulsação do infindo coração, via-se um leve movimento sob a blusa de pano mole, que refrescava e deixava a mostra seu colo convidativo. Os olhos pujantes tomavam conta do ambiente, por maior que fosse a sala. Sua voz rouca e baixa anuviava meus pensamentos. Adorava ouvi-la. Mesmo que nestes momentos eu estivesse mais desejando sua boca do que concentrado em seu monólogo. Sempre fui um bom ouvinte. E um bom pecador. O aroma que inebriava o cômodo devinha dos cheiros naturais daquele pequenino corpinho na minha frente, e dos perfumes do banho, do pescoço, e dos cabelos. Era uma mistura doce que, sem passaporte ou licença alguma, adentrava meu nariz. Tinha, como um carma ou um peso que carregava, um sorriso cínico no meio do rosto, que gritava em contraste com as olheiras lúgubres. Era misteriosa, e quando perdia seu olhar num canto qualquer, eu já imaginava “trocentas” hipóteses sobre o que pensava. Na melhor das suposições era mais uma fuga da minha vida e dos meus dias.

7 comentários:

  1. Aham, qualquer semelhança é mera coincidência. E Inspiração.

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  2. uma puta inspiração eu diria

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  3. "Puta inspiração" quer dizer: quase um plágio?

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  4. Que post mais badalado! E dessa vez nem fui eu. De fato, a semelhança é grande, mas nem vim falar disso. Eu li hoje uma coisa e lembrei de você, afinal, alguém está de aniversário.

    "Numa idade em que os outros mal começavam a existir, sem perceber atingia vorazmente a parte mais definitiva de si mesmo."

    Deus é que sabe em que ponto da vida você tá, mas eu lembrei e sapequei a frase aqui. Tédio mata e deixa a gente meio maluco eu acho.

    :)

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