Até o discurso do padre deveria ter adendo
"Até que a morte os separe"
Ou o primeiro ricardão
"na saúde, na doença"
na TPM, no comportamento obsessivo e na depressão pós-parto.
As pessoas guardam sua privacidade como se fosse sardinha numa lata inviolável.
Já vi homem que não dá carinho porque seus pais não lhe deram
E quem deve pagar por isso é sua mulher e seus filhos
Isso quando ela quer ter filhos
Pois tem medo dos seus seios caírem ao amamentar
e seu marido trocá-los por outros de 20 anos
ou por aqueles de silicone.
E quando vocês não tiverem com vontade de transar
Assistam vídeos de outras pessoas transando
Vejam outras pessoas na webcam
Entrem em salas de bate-papo
Ou vão a casas de swing
Mas não "vale" sentir ciúme tá?
Cobrar pode, ser cobrado não pode.
Curtir pode, gostar não pode.
Queimar sutiã pode, dividir a conta não pode.
Sobrevivemos de amostras grátis de carinho
Pois ninguém quer pagar o preço do pacote completo.
O mundo virou um brande bacanal
"Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também"
Uma orgia gigante
Que ou estamos participando
ou estamos jogando água fria quando não gostamos da moçoroca na qual nos encontramos.
Querer fidelidade do parceiro é um insulto à sua masculinidade.
Nessa falta de relacão que tem os "relacionamentos" modernos
Não me admira que ninguém queira se relacionar.
Será que a galera da caverna era mais feliz
quando o único protocolo era uma paulada na cabeça?
quarta-feira, 24 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
Algo
Sou o bilhete perdido
para a viajem adiada,
esquecido entre as páginas um e dois
de um livro sem páginas...
Sou eu... E, talvez, serei sempre
o que nunca fui:
A pedra sem êxtase,
o céu negro sem mística,
o pastor agnóstico,
o bruxo bêbado de fígado metafísico...
Ou, ainda, a noite triste
em que os mortos se alegram.
para a viajem adiada,
esquecido entre as páginas um e dois
de um livro sem páginas...
Sou eu... E, talvez, serei sempre
o que nunca fui:
A pedra sem êxtase,
o céu negro sem mística,
o pastor agnóstico,
o bruxo bêbado de fígado metafísico...
Ou, ainda, a noite triste
em que os mortos se alegram.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Vidinha.
João.
Maria.
João e Maria
João, Maria e três anos.
João, Maria e Bernardete.
João.
Maria.
João...suspira Maria.
João e Maria!!
João, Maria e segunda chance.
João, Maria e Solange.
Maria. Sozinha.
João e pedrinhas na janela.
Maria, finge não ouvir.
João e Solange.
João e Margô.
João e as outras.
João e a bebida.
Maria e a choradeira.
João e a rua.
João e as pedrinhas.
João...Maria...e o tempo.
João, Maria e casório!
João, Maria e Joãozinho.
João, Maria, Joãozinho e Glorinha.
João e família.
João, Joãozinho. Conversa de pai pra filho.
Maria, Glorinha. Conversa de mãe e filha.
João, Maria e filhos crescidos.
João, Maria e "Pega na minha mão?"
João, Maria e a velhice.
João, Maria e o desamor.
Maria e a morte.
Maria e a solidão.
só silêncio
sem Maria e sem João.
Maria.
João e Maria
João, Maria e três anos.
João, Maria e Bernardete.
João.
Maria.
João...suspira Maria.
João e Maria!!
João, Maria e segunda chance.
João, Maria e Solange.
Maria. Sozinha.
João e pedrinhas na janela.
Maria, finge não ouvir.
João e Solange.
João e Margô.
João e as outras.
João e a bebida.
Maria e a choradeira.
João e a rua.
João e as pedrinhas.
João...Maria...e o tempo.
João, Maria e casório!
João, Maria e Joãozinho.
João, Maria, Joãozinho e Glorinha.
João e família.
João, Joãozinho. Conversa de pai pra filho.
Maria, Glorinha. Conversa de mãe e filha.
João, Maria e filhos crescidos.
João, Maria e "Pega na minha mão?"
João, Maria e a velhice.
João, Maria e o desamor.
Maria e a morte.
Maria e a solidão.
só silêncio
sem Maria e sem João.
Fossa.
E uma vez mais
eu te procuro
reviro tuas cartas
teus carmas
mas não te acho.
Só ficou dentro de mim
uma marca, como uma digital
me pego lembrando de ti
das palavras loucas
e dos ataques de riso
preciso,
urgente de uma dose!
uma dose de ti.
eu te procuro
reviro tuas cartas
teus carmas
mas não te acho.
Só ficou dentro de mim
uma marca, como uma digital
me pego lembrando de ti
das palavras loucas
e dos ataques de riso
preciso,
urgente de uma dose!
uma dose de ti.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Canis Major
Noite, imensa cadela de pulgas brilhantes
uiva teu som de humanidades
na calada do sol dormente...
uiva teu som de humanidades
na calada do sol dormente...
domingo, 14 de março de 2010
Eu queria te palavrear
te escrever, te desenhar
te ver sair nua
da ponta da minha caneta
tu,
formando uma frase
seus braços seriam as crases
e seu coração
um ponto de interrogação!
Das tuas pernas
palavras maternas
e dos teu quadris
monossílabos pueris
quero te revirar
num poetrix
te ler
te interpretar
e sobre você
deixar de ser um leigo.
te escrever, te desenhar
te ver sair nua
da ponta da minha caneta
tu,
formando uma frase
seus braços seriam as crases
e seu coração
um ponto de interrogação!
Das tuas pernas
palavras maternas
e dos teu quadris
monossílabos pueris
quero te revirar
num poetrix
te ler
te interpretar
e sobre você
deixar de ser um leigo.
Tengo fome.
Comi um pedaço do meu corpo
ainda sinto o gosto
minhas glândulas salivam
e as papilas se excitam
Como eu chamo isso?
auto canibalismo?
sou um canibal de mim mesmo?
não sei, e que se dane!
Garçom!
traga mais um copo do meu sangue
e outra porção do meu braço no capricho!
ainda sinto o gosto
minhas glândulas salivam
e as papilas se excitam
Como eu chamo isso?
auto canibalismo?
sou um canibal de mim mesmo?
não sei, e que se dane!
Garçom!
traga mais um copo do meu sangue
e outra porção do meu braço no capricho!
Rato de laboratório
Corro,
bebo água
ou não faço nada
despejo
o meu desejo
nessa jaula
tomo
um remédio
contra o tédio
sem luz, sem ar
sem praia
já sei, virei cobaia.
Ando, de um lado
para outro
oposto
corro
de novo
pra ver se morro
junto minhas vontades
e me lanço
contra a grade
pronto!
Pus fim
ao sofrimento
fugi!
condição que eu criei
cobaia que virei.
bebo água
ou não faço nada
despejo
o meu desejo
nessa jaula
tomo
um remédio
contra o tédio
sem luz, sem ar
sem praia
já sei, virei cobaia.
Ando, de um lado
para outro
oposto
corro
de novo
pra ver se morro
junto minhas vontades
e me lanço
contra a grade
pronto!
Pus fim
ao sofrimento
fugi!
condição que eu criei
cobaia que virei.
sábado, 13 de março de 2010
Últimas versalhadas
Não sei por que ainda perco o meu tempo
o tempo todo, tapando o sol com a peneira
tomando gotas de atenção
que saem da tua torneira.
Tudo o que tento, se torna em vão
e lá se vai mais uma paixão
por conta da minha maneira:
não digo não, e me entrego inteira
e não recebo nada
quanta bobeira!
Toda essa versalhada
é a última que farei a você
Pois estou cansada
de enviar e não receber
poemas e pensamentos
saudades e sentimentos
lirismos e alentos
para alguém que não os lê.
Você bem que poderia ser
Mais dependente, mais presente
Mais sensível, mais disponível
E parecer menos egoísta.
Devo ser masoquista
Pois tudo isso não tem problema
Amanhã esqueço esse e te faço outro poema.
o tempo todo, tapando o sol com a peneira
tomando gotas de atenção
que saem da tua torneira.
Tudo o que tento, se torna em vão
e lá se vai mais uma paixão
por conta da minha maneira:
não digo não, e me entrego inteira
e não recebo nada
quanta bobeira!
Toda essa versalhada
é a última que farei a você
Pois estou cansada
de enviar e não receber
poemas e pensamentos
saudades e sentimentos
lirismos e alentos
para alguém que não os lê.
Você bem que poderia ser
Mais dependente, mais presente
Mais sensível, mais disponível
E parecer menos egoísta.
Devo ser masoquista
Pois tudo isso não tem problema
Amanhã esqueço esse e te faço outro poema.
sexta-feira, 12 de março de 2010
Nem tento entender
A claridade solar me impede de ver
O fogo do isqueiro
Que tenta acender meu cigarro...
E meu óculos-escuro
Não vê nem a ponta
Desse cigarro que tento acender...
O fogo do isqueiro
Que tenta acender meu cigarro...
E meu óculos-escuro
Não vê nem a ponta
Desse cigarro que tento acender...
"Eu não quero ver meu rosto antes de anoitecer"
Pois a noite todas as máscaras
caem,
mas os rostos são pardos...
caem,
mas os rostos são pardos...
quarta-feira, 3 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
CORES E FLORES DE MEU FOSCO SER E DE MEU SOLO SÁFARO
Vejo sobre a mesa
Um vaso de flores de plástico,
Plantas estagnadamente vivas,
Ao seu redor,
O contraste colorante de frutas colhidas,
Maduramente mortas,
Arquivolto
De bordados de frutas
Na toalha da mesa
E de feijões carunchados,
Descartados,
Fonte e estadia vital
Para animálculos análogos
A seus descartadores...
Quando semi-ergo meus olhos,
Vejo pela janela a planta oblíqua
A chorar,
Como quem é corrompida pelo movimento
E não tem flores...
Mas, e eu?
Meus amores...?
Não há flores nas cores,
Há cores nas flores,
Como inquilinas
Que esparramam-se
Até o limite físico-floral...
Mas, e nas cores o que há?
E o pior,
O que há no negror de minha consciência?
Eu, ser fosco,
O que haveria Eu de Ser?
Eu, que murcho nas flores,
Com a aspereza de ex-mágoas,
deito
E esmago-as
Fazendo vazar
Líquidas cores desabrigadas...
O que resta a ela?
O que restará a mim?
A mim, à cor
Resta a disformidade corporal
E a escureza calorífica do solo...
As rompidas cores florais
Hão de encontrar suas parentas crioulas
E eu
Em contato entrarei
Com vermes,
Minha desditosa prole inconsciente,
Inquilina da terra...
Um vaso de flores de plástico,
Plantas estagnadamente vivas,
Ao seu redor,
O contraste colorante de frutas colhidas,
Maduramente mortas,
Arquivolto
De bordados de frutas
Na toalha da mesa
E de feijões carunchados,
Descartados,
Fonte e estadia vital
Para animálculos análogos
A seus descartadores...
Quando semi-ergo meus olhos,
Vejo pela janela a planta oblíqua
A chorar,
Como quem é corrompida pelo movimento
E não tem flores...
Mas, e eu?
Meus amores...?
Não há flores nas cores,
Há cores nas flores,
Como inquilinas
Que esparramam-se
Até o limite físico-floral...
Mas, e nas cores o que há?
E o pior,
O que há no negror de minha consciência?
Eu, ser fosco,
O que haveria Eu de Ser?
Eu, que murcho nas flores,
Com a aspereza de ex-mágoas,
deito
E esmago-as
Fazendo vazar
Líquidas cores desabrigadas...
O que resta a ela?
O que restará a mim?
A mim, à cor
Resta a disformidade corporal
E a escureza calorífica do solo...
As rompidas cores florais
Hão de encontrar suas parentas crioulas
E eu
Em contato entrarei
Com vermes,
Minha desditosa prole inconsciente,
Inquilina da terra...
Resquício Entusiasta de uma Poesia Abstrata
Estou entregue
Ante as novas impressões
Que arrombam as minhas portas
E pousam leve no chão de minha consciência...
Minhas antigas concepções estão sendo defenestradas
Por desordeiras percepções,
Pela mesma janela-toda-aberta
Com que lanço meu novo olhar,
Trazidas pelo vento
Que ao mesmo tempo
Deixa comigo tudo o que rejeita,
Na incerteza ávida de seu passar...
Mudanças que me habitam,
Todas elas por arrumar a si mesmas.
Todas, particularmente, a se instalar
E estabelecer conexões entre suas vizinhas indesejadas,
Aturadas graças à raiz única de seus propósitos.
Vivendo, qual fantasma uma das outras,
A lutar pela mansarda abandonada,
Tendo plena inconsciência de estar lutando
Por ruínas de um jazigo,
Arrombando a porta irreal
Que jaz ao chão
E encontrando um solo concreto...
Mas o que realmente eu queria falar
Eram coisas reais...
Como a encruzilhada abstrata
Da qual vejo os caminhantes passar.
Olhando o retardado desejo e, adiante,
O futuro afoito
Ao qual alcanço com o olhar,
Ao longo de um percurso infinito
Lanço-me ao futuro
Esperando o desejo presente na linha de largada,
Que é a mesma da chegada sem fim...
Ante as novas impressões
Que arrombam as minhas portas
E pousam leve no chão de minha consciência...
Minhas antigas concepções estão sendo defenestradas
Por desordeiras percepções,
Pela mesma janela-toda-aberta
Com que lanço meu novo olhar,
Trazidas pelo vento
Que ao mesmo tempo
Deixa comigo tudo o que rejeita,
Na incerteza ávida de seu passar...
Mudanças que me habitam,
Todas elas por arrumar a si mesmas.
Todas, particularmente, a se instalar
E estabelecer conexões entre suas vizinhas indesejadas,
Aturadas graças à raiz única de seus propósitos.
Vivendo, qual fantasma uma das outras,
A lutar pela mansarda abandonada,
Tendo plena inconsciência de estar lutando
Por ruínas de um jazigo,
Arrombando a porta irreal
Que jaz ao chão
E encontrando um solo concreto...
Mas o que realmente eu queria falar
Eram coisas reais...
Como a encruzilhada abstrata
Da qual vejo os caminhantes passar.
Olhando o retardado desejo e, adiante,
O futuro afoito
Ao qual alcanço com o olhar,
Ao longo de um percurso infinito
Lanço-me ao futuro
Esperando o desejo presente na linha de largada,
Que é a mesma da chegada sem fim...
Tendo sem ter, crendo sem querer
Tenho de ler Hume,
Tenho a barba por fazer...
Tenho, tenho, tenho...
E, no entanto, nada tenho.
Devo moderar-me.
Devo, devo, devo...
Mesmo não podendo pagar
Juro que não me atrevo
A comprometer-me,
Mas, no entanto,
Meto-me na vala escura de viver.
E de novo tenho sem nada ter,
Afogando-me em saudades vazias.
Tendo em mim que quero passar indolente
Nesse sofá em que me deito,
Sentindo o peito cansado de ar,
Cheio de nada
A boiar nas possibilidades todas,
Nas palavras engasgadas
Em minha garganta
Que justamente liga a cabeça
Ao vendaval de meu peito ou pulmão...
Sei lá, um sopro forte bateu
E arrastou as possibilidades
A terras de incertezas posteriores,
Para além de meu olhar.
E agora, nem sei se tenho fome,
Minha boca já é seca,
Melhor nem falar.
Tenho a barba por fazer...
Tenho, tenho, tenho...
E, no entanto, nada tenho.
Devo moderar-me.
Devo, devo, devo...
Mesmo não podendo pagar
Juro que não me atrevo
A comprometer-me,
Mas, no entanto,
Meto-me na vala escura de viver.
E de novo tenho sem nada ter,
Afogando-me em saudades vazias.
Tendo em mim que quero passar indolente
Nesse sofá em que me deito,
Sentindo o peito cansado de ar,
Cheio de nada
A boiar nas possibilidades todas,
Nas palavras engasgadas
Em minha garganta
Que justamente liga a cabeça
Ao vendaval de meu peito ou pulmão...
Sei lá, um sopro forte bateu
E arrastou as possibilidades
A terras de incertezas posteriores,
Para além de meu olhar.
E agora, nem sei se tenho fome,
Minha boca já é seca,
Melhor nem falar.
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