Vejo sobre a mesa
Um vaso de flores de plástico,
Plantas estagnadamente vivas,
Ao seu redor,
O contraste colorante de frutas colhidas,
Maduramente mortas,
Arquivolto
De bordados de frutas
Na toalha da mesa
E de feijões carunchados,
Descartados,
Fonte e estadia vital
Para animálculos análogos
A seus descartadores...
Quando semi-ergo meus olhos,
Vejo pela janela a planta oblíqua
A chorar,
Como quem é corrompida pelo movimento
E não tem flores...
Mas, e eu?
Meus amores...?
Não há flores nas cores,
Há cores nas flores,
Como inquilinas
Que esparramam-se
Até o limite físico-floral...
Mas, e nas cores o que há?
E o pior,
O que há no negror de minha consciência?
Eu, ser fosco,
O que haveria Eu de Ser?
Eu, que murcho nas flores,
Com a aspereza de ex-mágoas,
deito
E esmago-as
Fazendo vazar
Líquidas cores desabrigadas...
O que resta a ela?
O que restará a mim?
A mim, à cor
Resta a disformidade corporal
E a escureza calorífica do solo...
As rompidas cores florais
Hão de encontrar suas parentas crioulas
E eu
Em contato entrarei
Com vermes,
Minha desditosa prole inconsciente,
Inquilina da terra...
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