segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Clariscuro fogo da noite

Daqui de cima
Posso ouvir o batuque dessimétrico
De meus passos sem rimas.
Daqui debaixo
Vejo estrelas que se persignam,
Vejo os signos velados
Na escuridão das constelações apagadas...
Vejo toda a noite que passa,
Mas nada mata a fome de memórias
De minha vida maltratada.

Os uivos da noite
São apenas gritos de estrelas trêmulas...
E as placas caladas,
Plantadas num concreto morto,
Parecem rugir um silêncio noturno.
As faixas amarelas no seguir da estrada
Seguem paradas,
Coladas e amassadas num asfalto de enxofre...
E o frio da madrugada
É apenas esse calor infernal,
Esse vapor etílico
Com ares de sul profundo.

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