Oh mulher, rubra maçã,
Alva flor do suicídio.
Manchada pelo sangue jorrante
Lançada numa torrente laminosa...
Mulher de sangue,
Fonte de uma beleza dionisíaca.
Como pode o teu destino
Fazer-lhe a vida uma desgraça,
Quando a vida originada em ti
Sobrepõe a sua graça natural...
Como podes, oh mulher,
Carregar em teu ínfimo um outro ser...
As marcas em ti ficam,
Marcas do parto e da partida
Do “bom partido” que lhe criou infortúnios...
Como podes mulher,
Como podes deixar marcas tão profundas
Pela sua partida,
Partindo corações,
Arrebentando os ramos espinhosos
Com que prende pulsos.
Oh mulher, canto aos prantos pelo seu destino,
Tu, que guarda em si o sentido de humanidade,
Flor brotada em seu próprio húmus,
Em seu próprio jardim de fertilidade...
Mulher, deusa olímpica,
Que, por vezes, se apraz ser ninfa...
Eva incriada
Que ao espelho reflete Afrodite...
É a ti que fragmento em versos impalpáveis,
Tu mesmo, oh flácida verdade contraditória,
Essência candente que se mostra,
Matéria abstrata
Que dá forma a poesia...
mulher fragmentada: faces, feitos e feitios...
ResponderExcluir