segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cristovão.

Cara, eu gosto muito de conversar com pessoas diferentes, que tem coisas interessantes pra me contar. São pessoas que passam poucos minutos comigo, mas que me marcam e que sempre me ensinam alguma coisa. Geralmente acontece isso quando estou no trabalho. Chega um cliente pede o que quer, e a conversa rola, passando já para o lado pessoal. Bem, nunca faço muitas perguntas com medo de ser intrometido e chato, mas sempre que posso, gosto de conversar sobre o que a pessoa quer falar, independente do quê. É só conversa, e isso nunca matou ninguém.
Aconteceu essa tarde uma coisa assim. Chegou um senhor, digo senhor pelo respeito, mas seu espírito devia ter uns 18 anos, fisicamente tinha uns 55 por aí.
Tá, vou descrevê-lo pra vocês terem idéia de quem eu estou falando. Alto, gordo, moreno, cabelo curto, na voz tinha o timbre do Tim Maia, o que preenchia o ambiente como se fosse uma ventania. Simpaticíssimo, muito mesmo! Veio comprar uma lente para seus óculos, e como a conversa se prolongou, ficou bem uma hora sentado contando um pouco da sua vida.
O melhor de tudo era sua visão,(mais um trocadalho do carilho mesmo) (tá, agora tu me fala: o cara vai numa ótica e o melhor dele é a visão) digo da vida, ele contou que era vendedor, acho que daí já se sabe porque tinha tamanha simpatia e lábia. Contou que fez uma cirurgia na perna, que quase a perdeu, que jogou futebol como profissional por oito anos, que morou em Sampa, Rio, Bahia e o diabo a quatro, que sobreviveu a uma infecção com quatro bactérias, que achava a os sistemas elétricos baseados no sistema sanguineo, de artérias e veias (essa observação me fez perder mais meia hora pensando sobre) que tinha uma irmã com a pressão arterial a 27! Que ela tinha sofrido 12 derrames e ele a achava Campeã Olímpica de Derrames, e falava sobre isso na maior naturalidade, enfim, o cara era um contador de histórias bem aqui na minha frente. É provável que eu jamais o veja novamente, dele só sei o nome que por sinal combinou muito: Cristovão! Cara, que nome perfeito para a pessoa. Ele era a personificação do nome Cristovão, alto, vozeirão, meu, que pira, já tô viajando muito. Eu e as palavras.
No final se despediu, não levou a lente, mas a conversa me valeu a tarde. Pessoas assim alegram meu dia, acho que não só o meu. Por onde passam deixam um rastro, uma inspiração.
Tem outro caso, uma senhora de São Paulo que veio pra cá, mas isso é pra outro post.
E assim vou me formando. Acredito que somos feitos de pequenos pedaços que vão se juntando ao longo da vida.
Seu Cristovão, obrigado pela conversa.

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