quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobre um vivente.

Sobrevivo dos restos de amor e dos cacos de diálogos
que chegam até mim como bitucas de cigarro no chão
Sobrevivo das raspas de carinho e das migalhas de atenção
que poucas vezes me dão, quando dum lado entro em auto combustão
Sobrevivo com meio copo diário de um olhar animador qualquer
com uma colher de sopa de auto estima
Sobrevivo com uma pitada de fé
por vezes cega, outras, vulnerável até demais
Sobrevivo com um prato de alegria e uma porção grande de sorrisos
vivo dos restos de sentimentos que tantos jogam fora, pego-os ao chão
sou engraxate da saudade, triste, lustro seus sapatos pretos
Sobrevivo dos meus sonhos guardados em garrafas térmicas
mantendo-os quantes e tomando uma xícara diariamente
Sobrevivo dos resquícios de tesão, e dos entrelaçados fios de amizade
finos, porém, fortes e até duráveis
Sobrevivo quase sozinho, com a minha independência
aparente independência
que necessita a todo momento de um muro de calor humano
Sobrevivo, apenas sobre um vivente.




andei revirando papéis velhos em busca de inspiração.

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